quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Ele é simpático, mas só para quem conhece bem..."

A crise não nos larga e as carteiras estão cada vez mais vazias, é um facto. Os problemas são muitos e o dinheiro não chega nem para o seguro do carro, quanto mais para ir laurear a pevide nas férias. Qualquer dia até temos de pagar para usufruir de uns minutinhos sentados ao sol num banco de um jardim público. Resumindo, temos todos os motivos para andarmos por aí com cara de Kristen Stewart. Mas há duas coisinhas que têm tanto de simples como de maravilhosas e que são (por enquanto, pelo menos) completamente gratuitas. São elas: cumprimentar e sorrir.
E se há coisa que eu não entendo é como é que é possível a vizinha de baixo, com quem nos cruzamos todos os dias, mesmo que nunca tenhamos trocado muitas palavras, passar por nós nas escadas do prédio e não dizer nem "ai" nem "ui". Ou aquele colega de curso cujo nome nem sabemos bem mas ao pé de quem até já nos sentámos numa ou outra aula se cruzar connosco nos corredores da faculdade e fingir que não nos vê. Ou aquelas pessoas que entram num edifício público e passam pela senhora da limpeza sem sequer se dignarem a lançar um "bom dia". Para além de ser muito feio, é triste. Porque se temos de partilhar o mesmo espaço com tantas pessoas todos os dias, podíamos pelo menos tentar fazer disso uma experiência mais agradável para todos.
E é aqui que entra o famoso "ele é simpático, mas só para quem conhece bem". É uma frase que me irrita, que faz com que se me ericem os pêlos (é isso e beijinhos no pescoço) e que provoca o nascimento de um Íncrivel Hulk dentro de mim. É que realmente é muito bonito e louvável tratar bem os amigos... Mas outra coisa não seria de esperar, certo? Sermos amáveis para os nossos amigos, colegas mais chegados, familiares e afins só prova que não temos nenhum problema grave de ordem psicossocial. Não é nada de extraordinário tratarmos bem aqueles que nos são queridos e próximos, o contrário é que seria estranho. Bonito, bonito (não, não são os tomates a bater no p***), é saber sorrir à senhora do bar que nos serve o café. É dizer "olá, como estás?" à rapariga que é amiga de uma amiga nossa e que até já nos foi apresentada há uns meses, ainda que não a tenhamos visto desde então. É dizer "bom dia" às pessoas que, de tanto as vermos, já fazem parte do nosso quotidiano. Esta é, para mim, a verdadeira definição de simpatia. Não quer isto dizer que agora vamos todos andar por aí a sorrir para o mundo como se tivéssemos fumado umas cenas fixes antes do pequeno-almoço, incentivando os povo a unir as mãos, cantando o "Kumbaya"... Mas era de valor tornarmos o mundo um lugar mais simpático (e mais educado, já que a simpatia anda, em parte, de mãos dadas com a boa-educação). Claro que existem pessoas tímidas e distraídas e ninguém quer andar por aí a sorrir e acenar para depois não ser correspondido e ter de fazer aquela triste cena de fingir que se ia mexer no cabelo... Mas vale a pena tentar. Eu acho.

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